sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Lavando Lençol

Nasci num lugarejo no interior da Bahia, chamado Barroca do Faleiro, como eu sempre defino: serra de um lado e do outro, com um rio no meio. E neste lugar, neste rio, minha mãe sempre lavava as roupas de nossa família. Lavava calças jeans do meu pai, camisas, toalhas de mesa e lavava também lençóis... lençóis que pra mim pareciam enormes.
E eram enormes mesmo diante do tamanho de uma criança de 8 anos.
E eu me punha a pensar: Como mamãe consegue lavar estes lençóis tão grandes? Como ela não deixa manchas no lençol, sendo ele tão grande... sempre fica tão limpinho.
E eu pedia a ela que me deixasse lavar as roupas junto com ela, mas ela não me deixava lavar os lençóis. Dizia que eu era muito pequena pra lavar uma peça tão grande. Eu ajudava, passando sabão em peças pequenas, colocando as roupas para "quarar", ajudando torcer, colocando pra secar, tirando do varal ou dobrando.
Mas via no ato de lavar as peças grandes um enorme desafio. Achava lindo quando mamãe jogava o lençol dentro do rio e segurando por uma das pontas, deixava ele aberto cobrindo a água enquanto a correnteza tirava o sabão. Adorava ver aquela cena.
Um belo dia mamãe me pediu para colocar roupas de molho e nelas havia um lençol... todinho pra mim.
Eu o ensaboei, esfreguei, com muito receio de deixar alguma manchinha em algum lugar, e enxaguei, com muito prazer, fazendo como mamãe sempre fazia.
Minha maior felicidade foi mamãe me dizer que o lençol estava muito bem lavado e que eu já era uma mocinha e que poderia, a partir daquele dia, lavar peças grandes, como os lençóis.

Autoria: Jozélia Marques

Colega de trabalho, amiga e uma pessoa que muito admiro.
Obrigada por esta linda contribuição Jojo!

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