domingo, 23 de maio de 2010

Não sei

Não sei se choro por ter um amor,
ou por não tê-lo.

Não sei se o que doi é a tua ausência,
ou inexistência.

Não sei e és tu ou a minha mente,
que mente.

Estas ai.
Estou aqui.

E não sei se é por ti que choro.
Ou se é por mim.

Teimo

É um princípio de vida!

Teimo em ser.
Teimo em não ser.

Teimo em sentir.
Teimo em não sentir.

Teimo em querer.
Teimo em conseguir.

Inflexível como um rochedo.
Mas, como este,
pelo vento e pela chuva sou corroida.

Mais inteligente seria,
Como a palmeira me curvar,
que flexível, a tudo se adapta,
no entanto, sem nunca quebrar.

Mas ainda assim,
teimo em teimar

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Sociedades minhas

(Escrito em 3 de junho de 2008)

Eu penso no homem, porém não o vejo.
O entendo, mas não o sinto.
Sou sega
Sou surda
Muda
Da alma que mais entendo
Dos olhos que mais me dizem
Fechados
Fugidos de mim

Como posso me ser o real?
Se na minha confusão ilusória, perco meus freios?
Explosão!
Provoco o turbilhão das faces, minhas caretas.

Somente para confundir teu olhar
Para não me veres jamais
Para que não me entendas
Para que não veja além do espelho,
superfície de meu profundo lago.

Homem amado meu
Passado meu
Futuro meu
Humanidade
Menos humana de meu sangue
Lê os meus sonhos?
Os meus lábios?
Enxerga os meus olhos?
Como podes, então, não ver o meu olhar?

Posso acabrunhar minha mente.
Isolar meus desejos
Fingir-me una
Mostrar-me muitas
E, no entanto, todas suas.
Rivais e amantes

Pesadelo
Sonho
Paixão

Temem estes todos?
Eu já não.

Construção Poética.

(Escrito em data desconhecida de 2008)


Não faço poemas por que quero.
Não penso nos meus versos com amor,
dedicação exaustiva, nem labor.

Peço perdão aos grandes mestres,
mas meus versos são assim,
desleixados e prepotentes, penduram-se nas penas dos querubins.

Não que não estime meus versos.
Apenas não penso neles,
e portanto saem assim
com vontade própria.
Vida ardente,
achando-se donos do mundo,
e totalmente independentes de mim.

Sinceramente meus poemas não prestam.
Não valem sequer um conto,
nem o trabalho de lê-los,
mas tão carentes esses versos
não vivem seu um leitor.

Agora, observem a ironia.
Tais travessos dizem-se independentes de mim,
mas adivinhem quais olhos são os primeiros,
a sobre eles se deitar?

Querido poeta.

(Escrito em 17 de janeiro de 2007)

Eu sou mais que o poeta.
Sou o poema vivo.
A conjuntura estrutural
de palavras sem sentido

Devoção inequívoca
aos prazeres,
aos dizeres,
e aos poemas.

Mudança constante de idéias
na confusão de minhas lembranças
que são a estrutura
de minhas memórias em linhas tortas.

Escrever
mais que escrever é dizer a arte
de viver
uma vida sem sentido
em uma patética tentativa
de preenchê-la com significado

O pobre poeta!
Não seria mais fácil amar
a viver a confusão
de paixões arraigada
a linhas?

O nobre poeta!
Tu és o maior amante,
pois tens a coragem covarde
de viver a poesia.

Empirismo no vácuo.

(Escrito em 27 de março de 2008)

Meus passos rápidos
Devaneios
Fantasias
Pensamentos apenas

Objetos figurados
Sonhos toques
Cheiros
Misturando fantasia e realidade
A minha vida como um passeio lunar

E como tudo que existe
Vejo o tempo passar
Com a certeza de que não retrocede
E a sabedoria de não tentar pará-lo.

Viver as viagens do vento
Os sorrisos do sol
As lágrimas da chuva
O sonho das flores
Ao sentir cada um deles tocando a minha pele

E a minha falsa realidade tão natural
Mostra o quanto falo em passos falsos pelo mundo

E a as minhas lutas únicas
Solitárias
São minha alma
Se não houvesse a crença
Estaria vazia
Só, dentro de meu próprio vácuo.

Poema à Fernanda

(Escrito em 19 de julho de 2008)

A poesia que dança em meus olhos, menina.
São as varias voltas de um sorriso infantil
Mel nos olhos dos bobos
Carinho cantado baixinho por um bem-te-vi.
Assim:

Bem-te-vi dançando
Bem-te-vi cantando
Bem-te-vi comigo
Bem-te-vi sorrindo, carinho.

Chama, chama, carinho, todos a ver.
Chama, carinho, pois igual não há.
Chama, carinho, ou não vão entender.
Que sonho como o teu
Só nos reinos de Morpheu,
Novamente existirá.

Sonho pé-de-moleque.

(Escrito em 27 de março de 2008)

Eu sei que os sonhos são ilusões do inesperado
Ou ainda revisões metafísicas do passado
Mas, por Deus!
Queira esse sonho inusitado partir de minha mente.
Pois preciso raciocinar!

Sei que são os sonhos motores do mundo
Sei que tal tentativa é pateticamente enfadonha
Mas, queira Deus!
Que esse sonho danado,
saia de minha mente para que eu possa me concentrar!

Oh! Sonhozinho travesso.
Muito estimo o gozo que trazes ao meu espírito
Mas, veja bem, para tudo tem hora.
Hora pra tudo o tempo tem,
E tua hora não é agora...

Espera que um dia a hora vem!

Outros Rumos

(Escrito em 12 de julho de 2009)

Sonhos.
Ah os meus sonhos!
Sou movida a sonhos
Objetivos
Desejos a realizar

Muitos dizem que sou fria
Outros que sou pura paixão
Mas ambos me julgam

Sou a que queima,
seja pelas chamas ou pelo gelo

Sou o que quero ser.

Quem pode me julgar?
Por viver ou por querer?
Quem pode? Ninguém?
Já esperava.

O que há de errado quando o meu desejo é você.
Só você, e todo o resto.

Entrega

(Poema escrito em 12 de outubro de 2007)

Deixe seus olhos brilharem
Deixe essa existência ser real
Deixe-me viver a essência do meu perfume de jasmim
Seja o sonhar do meu caminho

Pois como as pedras em que tropeçam os meus pés
Não sou mais capaz de sentir os tombos
Nem as carícias

O cheiro me conforta e fortalece
A ausência me definha
Os olhos me invadem
A boca me afasta, expulsa.

Onde está a procura
Onde acaba o penar
Onde está!
Deus onde está!

Diga-me o que procuras
E porque choras
E eu lhe darei as respostas
Todas em um único olhar

Ignore as minhas palavras
São falácias
Veja o que sou
Sinta os meus olhos
Tome para si a minha alma

Essa será cristalina
Será enfim a minha ultima máscara
A que procuras
A que desejas
A que lhe pertence
O meu grande presente
Eu
Somente tua

Amor

(Poema escrito em 17 de junhoo de 2007)

Um sentimento de fracos e fortes.
O perder dos egos.
A existência em verdade.

Mentira introspectiva,
que confunde a visão,
mutila a fortaleza na qual escondi meu coração
para que nele jamais tocasse a sua pele.

Paixão ardente.
Hálito quente.
Memórias esquecidas.
Promessas perdidas.
Coração entregue as chamas.
Perder-me em seu cheiro em seu corpo.

Viver todas as formas do amar.
Sofrer todas as formas do esperar e do perder.

Amar.
A grande arte da vida.
A máxima obra do ser.
Toda metafísica que há em viver.

Viva o amor,
que vem subjugar os covardes,
exaltar os que as margens do bem
são capazes de entregar suas almas a própria sorte.

Viva o amor.
Viva ou sobreviva a ele
Amor de bons e maus,
Tão generalista quanto a peste.

Viva.
Viva o amor.
O amor dos loucos.
O amor dos tolos.
E o mais tolo de todos os amores
O amor dos poetas.

Que é senão um amor inventado,
Perdido,
Calado,
Chorado,
Dono de todas as lágrimas do mundo,
Portador de todo o sonho e toda a complexidade do amar.


Complexidade fingida
Arrancada dos braços da verdade
Jubilo do beijo da maldade
Perversão de todos os amantes

Para que viver o amor?
E por que não fazê-lo?

Respostas, perguntas
Perguntas, respostas
Apenas palavras
Nada mais que palavras
Por natureza apenas uma tentativa de entender a realidade.

Vivamos a verdade e a pureza do sentir.
O brilho de pensar e doar o amor,
a todos os homens e amantes.

Não esqueçamos assim
Que todas as formas de amar
São benditas
São necessárias
São quase divinas
Mas ainda assim humanas
E como todos os homens
Imperfeitas...

Glossário

(Texto escrito em 14 de janeiro de 2008)

O passado. O presente. O futuro.
A esperança de melhorias futuras,
e a lembrança de malditas palavras passadas.

Esperança e sonho,
lágrimas de uma criança,
inocência.

Vida,
a cantante melodia de um gato do maluco país de Alice,
a eterna lembrança
e os sorrisos de nossas crescidas crianças.

Arte,
expressão inóspita da minha loucura,
da minha bravura e de minha paixão.

Nevoeiros da minha vã criação e da minha mente louca.

Entrega,
aptidão ao vazio do precipício e ao jubilo do gozo perpétuo no momento da colisão.

Percebem a desconexão de minhas palavras ou o glossário da minha criação?

Desejo passado/presente/futuro.

(Postado dia 18 de fevereiro de 2010 no blog "Pios da Coruja" - www.lumoreiras.zip.net)


Seus ressentimentos, meus anseios.

Sua falta, minha angustia.

Sua ausência, meu vazio.

Seu retorno, meu jubilo.



Querer, bem-querer;

Só o querer!

Exuberante desejo,

afogado em teu cheiro.

Entregar-me aos seus braços.



Uma deliciosa confusão de lábios,

confronto de faces.

A mais pura verdade,

ao apelo do corpo,

a suspensão da mente.



Um querer-te contente.

A felicidade futura,

do momento passado,

ao encontro presente.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Na beira.

Passo fio a fio em margem a imensidão

E ao som de jazz e blues
vou deixando essa desilusão.

Em passos

Neles vejo o mar.
Apagando pegadas.

Ao me chamar,
a doce mãe do oceano
embala um som.
O lamento de seus filhos,
esquecidos.

E a bateria,
imita meu coração.
Como ele poderia saber que é tão triste?
Como eu poderia saber que é tão belo?