quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Entre as Rochas

Caminho entre as rochas lentamente, não tenho pressa em sair.
Me sinto segura
A paisagem é nebulosa . Há o som de uma cascata, mas a neblina não permite que eu a veja. Caminho a passos de formiga.
Sinto que me escondo entre essas rochas. Não me culpo, foram muitas as pancadas dadas pelas ondas, estou confortável entre os rochedos.
Novamente uma borboleta, como ela pode estar voando por aqui?
Uma voz conhecida.
Por que não enxergo seu rosto?
Onde você está? Aqui.
Como me sinto? Me sinto bem.
Não estou com medo, não me sinto só. Gosto daqui.
Não, não tenho medo da neblina, é normal a essas horas, assim que o sol abrir ela se dissipará.
Já me acostumei com ela, é passageira.
Por que está tão preocupado? Quem realmente teme?
Já disse que não me sinto só, é somente a neblina turvando sua visão.
Não se assuste, eu estou aqui.
Quer caminhar?
Eu adoro caminhar.
Caminhar entre os rochedos.
Mais tarde quando o sol abrir, talvez possamos ir a praia observar o mar. Se eu estiver mais forte para aguentar as ondas.
Mas só mais tarde.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Momento de voar

A hora é esta, Lu: arriscar-se, atirar-se destemidamente na direção do novo. Ainda que muitas pessoas possam se apavorar e tentar lhe demover daquilo que sua alma interpreta como um novo impulso criativo, não se incomode. As pessoas falam porque estão viciadas em certezas e seguranças. Mas O Louco, arcano zero do Tarot, vem lembrar que, eventualmente, alguma loucura é mais do que bem-vinda! Ponha sua vida em movimento e lembre-se que é sempre momento de recomeçar. Evite o medo e não espere as coisas tomarem uma forma “certa” para agir. Vá!

Conselho: Momento de se atirar em novas direções, sem temor.

Fonte: www.personare.com.br

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Luta

Quando pensamos em uma luta, podemos lembrar das batalhas memoráveis narradas pela história da humanidade, ou apenas numa briga de esquina. Podemos pensar em alguns esportes ou num esforço pela sobrevivência. Mas a verdade é que todas essas imagens da palavra Luta envolvem movimento, transformação como consequência.
Meus dias tem  sido compostos de lutas, várias pequenas batalhas  travadas em vários campos, contra uma doença, contra a minha mente, contra concepções pré-concebidas da vida e padrões de comportamento que constatei que não me serviam mais, contra o próprio desejo de desistir dessas batalhas. E mudo, me transformo, com  cada pequeno combate travado.
Essa concepção de luta, de conflito, não passa de uma representação humana, mas mesmo assim não deixa de me impressionar. Pois o mais curioso das nossas representações é a amplitude que elas são capazes de atingir, o homem é capaz de caracterizar as coisas mais impressionantes do universo com apenas uma palavra e mesmo assim não é capaz nem mesmo de medir aproximadamente a sua amplitude.
O Universo é a coisa mais imensa que conhecemos, tanto que não concebemos racionalmente suas dimensões. Se tentar descrever de forma lógica algo infinito verá que em algum momento sua mente o irá contradizer afirmando que um espaço sem limites não pode ser mensurado como um espaço. Mesmo assim um grupo de pessoas, ou apenas uma única pessoa, pode representar toda essa imensidão na vida de outro alguém. Essa é uma das maiores capacidades humanas.
A abstração.
Somos parte integrante desse universo, tão minúsculos e insignificantes, que é um milagre existirmos. Ainda assim existimos. É ainda  mais fantástico termos consciência disso.
A vida é a coisa mais impressionantemente bela que eu concebo.

Mesmo que não acreditasse em nada. Mesmo que fosse uma pessoa absolutamente cética.
Ainda assim seria obrigada a acreditar no que os meus olhos me mostram quando olho pro céu em uma noite estrelada, no quanto é lindo fazermos parte da imensidão do universo, o quanto somos capazes de sermos tudo e sermos nada.
Somos apenas pó de estrela, e isso faz de nós criaturas absolutamente fantásticas, somos vida e lutamos por ela.

sábado, 7 de agosto de 2010

Espera

A angústia de uma espera pode ser cruel
Então afasto o medo com imagens doces
Lembranças e sentimentos bons me distraem
Com este carinho que preenche minha alma
E a esperança..

Minha grande companheira dos últimos tempos.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Lavando Lençol

Nasci num lugarejo no interior da Bahia, chamado Barroca do Faleiro, como eu sempre defino: serra de um lado e do outro, com um rio no meio. E neste lugar, neste rio, minha mãe sempre lavava as roupas de nossa família. Lavava calças jeans do meu pai, camisas, toalhas de mesa e lavava também lençóis... lençóis que pra mim pareciam enormes.
E eram enormes mesmo diante do tamanho de uma criança de 8 anos.
E eu me punha a pensar: Como mamãe consegue lavar estes lençóis tão grandes? Como ela não deixa manchas no lençol, sendo ele tão grande... sempre fica tão limpinho.
E eu pedia a ela que me deixasse lavar as roupas junto com ela, mas ela não me deixava lavar os lençóis. Dizia que eu era muito pequena pra lavar uma peça tão grande. Eu ajudava, passando sabão em peças pequenas, colocando as roupas para "quarar", ajudando torcer, colocando pra secar, tirando do varal ou dobrando.
Mas via no ato de lavar as peças grandes um enorme desafio. Achava lindo quando mamãe jogava o lençol dentro do rio e segurando por uma das pontas, deixava ele aberto cobrindo a água enquanto a correnteza tirava o sabão. Adorava ver aquela cena.
Um belo dia mamãe me pediu para colocar roupas de molho e nelas havia um lençol... todinho pra mim.
Eu o ensaboei, esfreguei, com muito receio de deixar alguma manchinha em algum lugar, e enxaguei, com muito prazer, fazendo como mamãe sempre fazia.
Minha maior felicidade foi mamãe me dizer que o lençol estava muito bem lavado e que eu já era uma mocinha e que poderia, a partir daquele dia, lavar peças grandes, como os lençóis.

Autoria: Jozélia Marques

Colega de trabalho, amiga e uma pessoa que muito admiro.
Obrigada por esta linda contribuição Jojo!